quinta-feira, 21 de julho de 2011

Na crença da história


grande fez-se a palavra
no sertão de veredas, no verso da fala
aprumando o urucuia perdido, o chão campeado
chapada de norte escrito, vida desescolhida
o combate infinito, a força de morte, coragem

e verde e seco e repente – o amor estiagem –
vestido de homem, rompendo vontade
no chão do bruto, na alma do longe, no corpo fechado

grande fez-se o silêncio
na perda assentida despiu-se a verdade
ocupando o terno indevido, o porquê enviesado
um olhar de amigo, arisco, em um tempo de falta
sem jeito de encontro, o pasto se indo, eivado

e tanto e forte e vasto – o ser invernado –
um homem-buriti-sozinho, plantado
no transvés da serra, na tocaia do incerto, no fogo da alma

grande fez-se a travessia
no vão de estranhezas, na prosa fincada
assomando ao sem fim o prenúncio, minúcia de homem
registro de estrada, desvio, rês desinfeliz
o suor sabido, a sorte, o mundo provado

e longo e tenso e pleno – único relato –
além do conto, à mão do invento
de um rosa crestado, a razão mais séria, Riobaldo


Márcio Ares. 2006

            

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