segunda-feira, 18 de julho de 2011

DONA RITA

Pão de queijo com poesia é minha mãe
dizendo não ter receita nem santo
só um prato de polvilho
e de queijo um outro prato, de mesmo tanto.

No silêncio curioso
de seu primeiro vôo, o diferente de tudo,
olhou à direita, à esquerda e, quando mais parecia que a encantava o mundo,
olhou-me nos olhos, tocou meu joelho e, bem ao seu jeito, disse:
_o homem inventa tanta coisa que até parece absurdo!

Ensinou leitura sem nunca saber das letras
julgou criar futuro, adivinhando, segura, os erros
de  quando eu não lia direito.

Muitas coisas lembram minha mãe:
olhar de amor infinito, viagem por onde tem flores,
lata d´água na cabeça, mãos cultivando canteiros,
camisa de retalho e ternura, embornal cruzado no peito,
gosto de água filtrada, senhoras no aeroporto,
velhos escritos guardados, fé pra uma vida inteira,
poesias de pão de queijo.


Márcio Ares. 2009.

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