segunda-feira, 25 de julho de 2011

De repente amigos



Encontramo-nos em Praga. Eu, querendo uma boa foto; ela, um menino Jesus.
Era novembro, um dia frio, a cidade cheia de todas as gentes.
Ela, deveras altiva, de casaco fino, modos sutis, aristocrática alegria.
Uma senhora de muitas histórias. Sabia os caminhos do mundo.
De modo único, sabia ser menina, toda prosa, terna amiga.
Tornamo-nos um trio. Ela, a filha mais moça e eu, tomado de empréstimo feito o mais novo dos filhos.
Fui feliz, naquele inverno-prenúncio de amizade tão fecunda.

Quando partiram, fiquei suspenso comigo, revendo as pontes da Hungria.
Seguiam mais longo caminho e eu, pesando o dia interminável, já não sabia ser sozinho.
Quisera a vida existisse sem tempo para despedidas.

Minhas fotos dirão, com certeza, o olhar de amor daqueles dias.
E o menino Jesus, desencontrado, na leveza dela fez-se a memória da vida.



Márcio Ares. 2008.

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