o meu lápis encantado despe o
teu vestido
de ponta crua inventa o teu
pecado
risca o escândalo dos teus
lábios
insinua em crônica as tuas
curvas
cabelos, nuca, vontade pura
o braço levantado, o pelo
arrepiado, o mamilo, o susto
unhas no ar, olhar felino, a
pele nua
a leveza do passo, o quarto
esquecido, o chão da sala
e o lápis, sem medo, mais que
nunca apontado
sombreando a imagem que te
faz tão rara
inventando o enredo que te
ilumina
Márcio Ares, 2016.