quinta-feira, 25 de abril de 2013

DESTINAMENTO



quando as suas mãos souberem o rumo
do meu corpo que perdeu o prumo
e eu já não der conta de ser um homem completo
não esquece que eu tenho fome
de um amor que não tenha pressa

Márcio Ares. 2013

DOMESTICADO



marcado a ferro, no seu pasto
obedeço as rédeas até o cansaço
e toma arame farpado
e toma cerca encoberta

a minha força é pouca, não precisa esforço
diz só que me ama e me desconcerta

depois alisa meu pelo, que eu esqueço
qualquer ciúme, rumo ou cancela


Márcio Ares. 2013

DE OLHAR O VENTO



se fosse unicamente para viver o momento que eu vivo agora
estaria completa a existência

essa coisa aqui dentro, feito aquele vento lá fora
sabe da vida este momento
quando existir me comove



Márcio Ares. 2013.

APENADO



pesa em meus ombros a distância não percorrida
o amor ficando esquecido
a alegria perdida na estrada

pesa em meus ombros a vida
de tudo que morre e mais nada


Márcio Ares. 2013.

AMANHECIDO



toma
bebe e come esta noite que te resta
assim do meu lado
não muito longe da palavra que esconde
o meu amor sem reservas
mas tímido, ainda,
um tanto verso de um pouco espanto
mas vem, anda logo, me leva
feito a noite que toma
o amor que nos acontece
bebe e come o tempo que nos resta
em versos bem sem tamanho
o repente que nos protege
sob o tempo se indo
profano e lícito e lindo
até o infinito sangrando o céu


Márcio Ares. 2013.

RIO ANTIGO



Dentro de mim esse rio de minério sangue
dá voltas ao mundo no mesmo instante
que o meu coração manda
E eu, que espero mais que antes,
no tempo subterrâneo das artérias
sei que pulsa em dor e mistério
a saudade da infância



Márcio Ares. 2013.