quinta-feira, 25 de abril de 2013

HOMENS DE MEU TEMPO




Todos os povos de meu tempo parecem sofrer de uma angústia inominável.
Não se sabe a razão, porventura equivocada, de viver em dor a vida
que simplesmente passa
sob o tempo de alegrias possíveis e paixões intermináveis.

Nem a invenção dos mais sábios homens
nem o mais pleno entendimento do acaso
explicam esse tempo de amizades turvas, vontades avessas, alma escura,
amor inseguro e desejos fugazes.
Talvez por incerteza, ou o mais bruto sentimento de ancestralidade,
os homens de meu tempo querem, com violência estúpida e pressa demais,
esquecer o instante presente
onde viver pareça fútil, mas de igual modo urgente, útil, essencial.

Mal sabem eles, meus contemporâneos, que a ilusão é o tormento de uns tantos
feito a mesma tristeza que a noite alimenta
querendo um sol que espante o que não tem nome
essa grande angústia que dura por todos os tempos
e que a muitos atinge de um jeito quase covarde.

A força que os sustenta, estes homens de agora,
é própria do Deus que trazem dentro
e porque acreditam é certo que ainda possam
retomar as rédeas do contentamento, romper as grades do entristecimento
e conceber a vida como quem recebe a visita
de um anjo que anuncia a nós próprios
a graça de não ser vazio, embora um pouco sós,
porque em nós existe, insiste e é triste
a vida que muitas vezes morre.



Márcio Ares. 2013.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário