Antes de nascer,
tudo era promessa do invento.
O amor não
estava aqui desde o primeiro instante.
Antes, o nada, o
caos irrespirável, o quente e o frio acontecentes.
Sob a síntese da
estrela, o desabitado se fazia planta.
O ar habitou o
espaço que descansava no tempo.
Antes, o acaso,
a rocha, a poeira, o pó que, um dia, se diria humano.
Houve, até nunca
onde, água, vento, placas, nuvens, tempestades.
O céu vencia,
quase sempre, os tantos riscos chegantes
até a existência
como ainda se chama.
Tardou até que o
bicho existisse mais homem.
Ao que veio
depois se deram muitas origens.
Deus, também por
acontecer, seria a razão de outras tantas.
O certo e o
mal-entendido não eram, antes, palavras ditas.
Seres de vontade
se inventavam de eterna dúvida buscando.
O que era feio
ou bonito também ganhou nome.
Desde muito
quando, a incansável busca trouxe luz e enganos.
A dor tomou seu
lugar, o medo, o horror, o assombro.
Depois, ou
antes, o conceito, a poesia, este pobre verso sem tamanho.
A exata memória
desfeita no mais incerto do longe.
O mesmo sem
resposta para a dúvida reinante.
E a vida, essa
coisa nascida inquietante, perguntando, perguntando, perguntando.
De onde vim para
ser o que eu sou até onde ou quando?
Márcio Ares.
2018.