quinta-feira, 9 de novembro de 2017

INSULAR



eu sou a ilha perdida de que se ouve falar
um tanto afastada de um remoto continente
com falhas geológicas muito antigas em quase erupção
construções silenciosas e inabitadas
- senão por um ou outro vigilante muito donos do olhar -
misteriosos e grandes ímãs invertidos
tudo quase incompreensível
não fosse um milagre qualquer de se querer conquistar algum raro ou inesperado visitante
aqueles de infância bonita e histórias boas de contar
que chegam e nos arrancam das pedras
e para além, muito além do iminente desastre,
nos tornam seres ainda possíveis
com um mínimo jeito de amar

Márcio Ares. 2017.