quinta-feira, 7 de julho de 2011

vai-e-vem-vai-e-vem


Penso um poema e ele vai embora.
Algum mar distante naufraga meu invento, embarcação de muitas rotas.
O que tenho à mão é essa coisa de dentro
que tanto dói cá fora
a idade das almas, a dor da minha gente,
saber efêmero o entendimento dos olhos

Traduzindo o que se é visto, eu escrevo as horas.
Tomo o leme do meu barco e o conduzo para além do que me devora.
Um monstro de versos tristes, e dissonante fome, força a retina da proa, displicente,
e minha mão se dobra a querer um giz, um mapa, um caminho qualquer
para tornar ao lugar em que os olhos viram a insuspeita margem, ilha, farol,
gente capaz de um sorriso onde se prove
que viver ainda seja qualquer coisa boa, uma linha além do continente
um poema que não tenha pressa, mas que não tarde sempre
porque os versos que navegam nossos olhos,
que atravessam-nos feitos as terras novas,
sãos os mesmos olhos que se vão com o tempo
abril/2011

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