quinta-feira, 21 de julho de 2011

A caminho

O suor que denuncia o sol de Buritis
Lembra ao corpo o que é ser filho de lá

O frio europeu, em Moscou,
Reconhece em mim
O que eu trouxe de lá

O morno bíblico aterroriza minha ignorância
E me obriga a viagens para eu entender
O tempero da alma, a espera, o ócio
A inquietude do mesmo lugar

Quero a cor de outras raças, a força que lhes bastam
As histórias que por lá contam
A verdade que os fazem vastos

Sou a escassez que me coube ter.
No estreito horizonte a que fui obrigado
Estrangeiro também quero ser

Por isso invento viagens, neve e coqueiros
Uma existência inteira para eu me encontrar
E me perder



Márcio Ares. 2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário