quarta-feira, 1 de junho de 2011

Viver é chumbo


O medo ataca de novo.
A cabeça dispara, o estômago dói, os nervos se rompem.
Sonhei com guerras por uma noite interminável.
A vida inteira estive no campo de batalha.
Acordo cheio de tiros. Sangram meu corpo e minha vontade.
Quero parar a dor e fico sem lugar - um baleado em campo inimigo, sem arma ou estratégia.
O corpo fraco e cheio de dor, muito longe de mãe, muito sem Deus.
Lembrar Paris na primavera não me consola. Lembrar o melhor prato, o melhor amigo, o maior prêmio, a mulher amada, nada tem gosto de paz,
nada parece dar fim ao animal desgraçado que sou agora.
Não tem sossego essa dor. Não tenho lugar para tanta morte.
Não adianta a leveza do canto orvalhado de pássaros, lá fora, se os canhões retumbam dentro de mim.
Explodem todas as bombas.


Márcio Ares. 2008.

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