segunda-feira, 27 de junho de 2011

O complexo da casa


Esse grilo e sua infinita cantiga,
a abelha e estas asas, incansáveis, de boa operária,
o cão espreguiçando varandas, à sombra suave depois de muitos cerrados,
o cheiro doce do café em flor,
do cajueiro em flor,
o igual perfume das jabuticabeiras vestidas de noiva.
Aventuram-se os pássaros por entre coqueiros, mangueiras e jatobás.
No caminho do engenho, os mourões da cerca separam do gado os canaviais.
As rosas do terreiro vergam sob o inclemente sol da tarde.
Como o galo, terminada a noite, saberá a hora que se refaz,
sabem os gaviões o longe da casa e a faminta vigília dos quintais.
Nada é por inteiro se não for pelas metades.


Márcio Ares. 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário