sábado, 25 de junho de 2011

Antigo selvagem


Esses cavalos de madrugada, inquietos,
tornaram-se os olhos do insondável,
vigorosos vigilantes noturnos do meu silêncio adivinhado.
A imprecisão do que eu nunca pude são esses cavalos sem felicidade
aguardando, com força, o momento oportuno
de seguirem um caminho que ainda não se sabe.
Talvez alguma vaga memória
que, do fundo de meus olhos, vivesse a infinita certeza da claridade,
pudesse explicar essa vigília e essa inquietude.
Eu sou estes cavalos ansiosos
porque mora em mim alguma antiga verdade, vaga e longínqua,
o contrário do medo agora desesperançado.
Sim, eu sou esses cavalos de um tempo quase morto,
ainda consciente do mais fundo pensamento,
a imagem do amor seguro e sem pressa
no tempo ainda sem palavras.


Márcio Ares. 2009

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