sábado, 25 de junho de 2011

Inseguro


Antes era o mar, muito antes do começo das coisas.
Depois a casa, a coisa e seu nome.
O sentimento ficou entre o antes e o depois
-  um vazio que, de vez em quando, lembra a palavra e flutua livre no tempo.
Antes era o mar, muito antes do mar que eu invento
para dizer a falta incompreensível das margens.
O mar vivo do sonho tem muita solidão.
Não tem pai nem mãe, nenhum deslumbramento.
Só o começo da morte, de fôlego violento,
atravessa esta minha hora, nesse barco lento e sem cais.
Minha rota é de inspiração.
Meu riso trêmulo é um coração atento para o que era antes do mar,
o meu lugar de antes, muito antes.


Márcio Ares. 2009.

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