segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O calor do poema



 Segundo consta, nenhum pingo de sol aquecia-lhe o quarto.
Ao que se sabe, o frio é que adentrava suas entranhas, tomava-lhe a força dos braços,
roubava-lhe a cor, a língua do gosto, a beleza das horas, o fôlego da graça.
No fundo, além das tardes, e talvez mais profundo,
ela, atriz de alma grande, como sempre ousara,
ensaiava o seu melhor e mais lindo espetáculo:
viver a vida  e seu fardo, enquanto, ao redor do mundo, queimava um pálido sol
que sempre, em todos os tempos, a todos faltara.
Àquela hora, o ato era uma só verdade.
A vida era uma gota de sol servida no banco da sala, platéia pequena,
dizendo a alegria da cena,
dizendo, à vida, coragem!!!

 Márcio Ares. 2011.

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