segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Exílio



Toma todas as minhas canetas
e essa minha falta de jeito há de ficar sem lugar.
Mas leva também a areia, a tinta, a poeira, a canção.
Leva o resto de giz, o quadro de lousa, o graveto.
Leva o torrão, o lápis de cor, ou de cera.
Leva tudo o que se diz quando louco de paixão.
Leva minha garganta, a voz, o risco do batom.
Leva o mármore, a pedra, o formão.
Leva o sinal de fumaça, o palco, a palavra,
a mímica, o gesto da libra, o alto falante,
o sangue escrevendo urgência, pulsando inspiração.
Leva o micro, a tela, o plug, a janela.
E fica o verso um nada eterno,
um sujeito poeta
sem chão.

 Márcio Ares. 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário