quinta-feira, 24 de novembro de 2011

INDECIFRÁVEL

Não é possível que só eu me incomode com essa coisa infinita.
Então, ninguém escuta, no meio da noite, os meus gritos?
Onde, porventura, estará aquele que sabe da vida
mais que o fantasma que me ergue o braço, e cospe no meu rosto,
a verdade que nunca se disse, palavra sem boca,
o lugar de onde todos vieram, igual e antes de tudo que existe?
Por piedade, aventure-se um homem que saiba
e tire da minha alma essa coisa ainda sem nome, a escuridão do medo,
plantada, crescida, enraizada por alguma lei, muito dentro de mim,
de tudo que se cala e que eu também não sei.



Márcio Ares. 2011.

12 comentários:

  1. Essa coisa sem nome, às vezes, parece até uma distância, mas se não houver um homem que saiba como contê-la, haverá, ao menos, um que saiba como nos estender a mão e as palavras.
    Muito bacana o seu blog :)
    Estou feliz por ter chegado aqui!
    beijo
    Lelena

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  2. Vi, na coluna ao lado, que você gosta do Saramago. O filme José e Pilar já está no mercado e em algumas locadoras.
    Se não viu, veja, que é muito especial.
    beijo

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  3. Obrigado pela visita.

    Vou verificar, irmão.

    Abraço

    Márcio Ares.

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  4. Sou leitora assídua do Tertúlia, te encontrei lá e gostei muito da tua poesia. É tão boa quanto as demais que compoem o blog.

    Parabéns!

    Deixando meu endereço caso queira visitar-me, não sou poetisa, apenas escrevo para alegrar o meu dia, rsrsr
    http://emanacoesdosilencio.blogspot.com/

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  5. Oi Marcio...

    Bacana sua arte de poetar. Amei teu poema@
    O Wilson te indicou..vou ficar por aqui porque gostei muito!!

    Um abraço,

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    1. Bom dia! Atravessado de faltas com aqueles que me dedicaram atenção e carinho, tento recompor-me, de alma e coração.

      Você, pedagoga que é, além de artista, há de gostar de uma história: minha mãe foi quem me ensinou a ler. Era um interior, quase Goiás, início dos anos 70. Nunca dei por isso, até ter que contra, pra minha mãe, o que se dizia na tela do cinema. Ela é analfabeta; nunca foi à escola e até hoje não sabe ler (só palavras, depois de juntar as letrinhas). E só mais tarde, quando li Jacques Ranciere, "O Mestre Ignorante", soube porque isso fora possível; porque ele fala do que é mais importante do que o conhecimento, propriamente dito.

      Obrigado pela visita.

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  6. Obrigado pela visita e pelas palavras que acabam me deixando maior poeta do que ainda sou. Como tenho insistido em dizer, vocês me deixam mais bonito. Compensa o esforço, além da graça, de se fazer poesia.

    Beijo na alma,

    Márcio Ares.

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  7. Márcio!

    Esse sentimento que você poetizou de forma tão linda, me é peculiar e acredito que a todos. Mas minha sensação é de saudade de algum lufar que estive, uma coisa que nem eu sei explicar.

    Belo post!

    Beijos

    Mirze

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    1. Bom dia! Atravessado de faltas com aqueles que me dedicaram atenção e carinho, tento recompor-me, de alma e coração. Esteja bem!!!!

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  8. A tal coisa sem nome...acho tão lindo quando não se deixa nomear e vira poesia!
    Parabéns pela entrada na Tertúlia! Agora te encontraremos por lá também!
    Beijão!

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    1. Alguns muitos anos depois, colho seu carinho com um texto meu. Que delícia. Obrigado. Beijo na alma.

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