quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ACORDE UM MAR A VIDA MAIA A COR

Por que envelhecer para o desejo que sempre se quis?
Por que chorar, sem a devida razão, por tudo que não se viveu?
Por que ser homem, se o animal ainda ruge em mim e se despede ao final de cada manhã, como se o dia, ou como se a vida, ainda fosse hoje?
Por que a velhice dos dias sombrios se o motivo é agora e a paixão ainda existe?
Por que a vida sem nenhum sorriso, modos, amor, juízo, quando a nódoa de existir foi ou sempre será o que não é preciso, ou que haverá de ser ainda numa outra vida?
Viver é quanto tempo? Qual a urgência do que não se deu ainda?
Os primeiros povos que o viram deram-lhe nome, certeza de um lugar, parte de algum futuro destino.
Este mar e tudo que se construiu é muito mais que se conta, é tudo que não se encontra nas ruínas que os livros dizem.
O povo de antes, muito antes do que se viu, sequer pensou a distância ora instaurada, mas então sabida. Limitou-se ao fim que em pouco, ou muito quando, se daria. Um tempo de pedras, talvez, antes do tempo do milho. O ciclo misturou-se ao sagrado e à sabedoria.
Dezembro de dois mil e doze, planetas que se avizinham, crenças que não se delatam, o medo antigo dos fortes, do fraco, e esse mar assistindo ao possível.
A vida outrora tão sábia agora não se adivinha.
O homem, raça inexata, sem saber chora a desgraça, que há milênios se anuncia.

Márcio Ares. 2011. Cancun, Península de Yucatán, México.

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