Tenho chorado vendo lugares aonde não fui
velhos amores que eu não pude
vidas de glória que jamais vivi.
Tenho chorado o futuro que me aguarda
o silêncio eterno das respostas válidas
as mortes que não entendi.
Tenho chorado o chão das igrejas, a culpa de querer saber
a razão esquecida no caminho dos anjos
desde o tempo em que eu não sabia das lágrimas vertidas.
Tenho chorado a alegria explícita que algum dia eu quis
não a minha tristeza escondida.
Esta foi chegando com o amor negado, com os sonhos perdidos
ou só inventados.
Sim, talvez de uma outra vida ela, essa tristeza irmã-gêmea,
tenha vindo.
Mas como se pode oferecer tal destino a um menino que ainda
não sabe
que vai, um dia, padecer de uma velhice agoniada
por não ter sido só um menino com o seu sonho, sua alegria
mais possível
e uma fé que jamais terminasse?
Talvez outro ser desfeito, fosse ele só um homem, fosse ele
só um poeta
soubesse dizer porque faltam
o nome, o engenho, a arte, a mínima ideia do que mais se pareça
verdade
para se pensar, por assim dizer, a maciez das almas.
Tenho chorado porque os homens são de aço
e eu sou só um pedaço, miúdo, humano, frágil
de algum sentimento guardado
que dói, sozinho, comigo até não ter mais palavra.
Márcio Ares. 2018.
Um texto inteligente, sentido, feito com alma... parabéns!!
ResponderExcluirObrigado pelo olhar de carinho para o meu texto.
ExcluirGrande abraço!