- Você não sabe o que eu sinto, é verdade, mas finge entender.
- Você se basta e me xinga, eu sei, querendo moldar em mim
- o que eu não sou de você.
-
- Não posso e não quero ser amargo desse jeito.
- Tanta regra leva tempo, não tenho tempo a perder.
- Você não sabe o que eu amo, se anjo, demônio ou abismo.
- Não quero o certo mais certo, prefiro viver a perigo.
-
- Tem hora que eu sofro tanto e você nem adivinha.
- Minha dor tem pouco a ver com a sua sábia poesia.
- Tem dias que eu, tão pequeno, mendigo qualquer carinho.
- Que autores devo ler? Que palavras quer de mim?
- Enxerga a minha retina, o menino dos meus olhos,
- meu dilema, meu arco-íris, desafio.
- Não leva a coragem que eu tenho, brilho próprio, auto estima.
- Não duvida dos meus sonhos, não me queira velho, agora, não me aponta a direção. Deixa eu ir, com a minha sorte, ter o chão do meu caminho.
-
- Seu velho baú de tristeza não sabe a minha vontade.
- Não me queira desse modo, não impeça que eu me perca.
- Tenho acaso e cicatrizes, acredite, que são códigos do medo.
- Mas tenho o elixir da vida, saudade que ainda não veio.
-
- Pode fingir à vontade, eu lhe digo, mas não me pode entender.
- Pode até sofrer comigo, lembrando tempos antigos, bem sei.
- Mas você não sabe o que eu sinto, insisto.
- Nunca haverá de saber.
- Márcio Ares. 2011.
-
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
DESPROPÓSITO
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