Eu choro esse rio de um céu despencado.
Sob um dezembro encharcante, já foi belo horizonte o lugar dessas águas.
Hoje é barranco, meninos órfãos, velhos soterrados.
Eu choro essa gente chorando o mal tempo,
esse repente ajaneirado.
Cidade descente n’água, morro que vive, que mata.
Enchente atropelo de barro
e teto e árvore, carro, gente e buraco
que na emergência se basta e se pensa
despensa de plano e de gastos, dívida pra sempre,
encosta mal povoada.
Povo que chora torrentes, junto ao lamento que alaga
fica gerais tristemente
nas minas debaixo d’água
Márcio Ares. 2012.
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