mistura
uns dois quilos de vida a um grama de sorriso triste
raspinhas de Adélia Prado a uma
pitada de Nietzsche
essência de rosa do grande sertão
uma boa dose de vinho sangue
fermento de versos bem antigos
com a cor da clara dos olhos que
vigiam
marca
na alma o tempo da espera
depois de untar a forma com o mel
da poesia
vê crescer as dores do ofício
e, até o limite do invento mais
velho,
come com os dentes enquanto quente
ou frio
para que estejas comigo
Márcio
Ares. 2016
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