segunda-feira, 22 de agosto de 2016

DE LONGO ALCANCE



um poema não acaba a guerra
não recolhe os feridos
não explica a morte

um poema não redime a culpa
não condena ao escuro
não pretende julgar

um poema é a coisa da graça, o altar do castigo
um acaso divino, um demônio vivo
um jeito de olhar

um poema tem muitos nomes, palavra diversa, lei, sentimento, mistério
não escolhe a gente a que se destina
deseja a sorte de um outro lugar
celebra a vida, diz nossos mortos
perdoa as horas daqueles que não podem
saber a poesia que o poeta sofre
sofrer a alegria de bem mais amar



Márcio Ares, 2016.

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