O suor que denuncia o sol de Buritis
Lembra ao corpo o que é ser filho de lá
O frio europeu, em Moscou,
Reconhece em mim
O que eu trouxe de lá
O morno bíblico aterroriza minha ignorância
E me obriga a viagens para eu entender
O tempero da alma, a espera, o ócio
A inquietude do mesmo lugar
Quero a cor de outras raças, a força que lhes bastam
As histórias que por lá contam
A verdade que os fazem vastos
Sou a escassez que me coube ter.
No estreito horizonte a que fui obrigado
Estrangeiro também quero ser
Por isso invento viagens, neve e coqueiros
Uma existência inteira para eu me encontrar
E me perder
Márcio Ares. 2006
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