sábado, 1 de setembro de 2012

DIA DESSES


Um dia fico louco de jogar pedra
na menina do olho
e visito, cego, as muralhas da China
leio, em braille, o libertas da bandeira
que tarda ainda
e dou tiro a esmo
nas Coréias, de baixo e de cima

Um dia fico solto de morder de raiva
e pastoreio o povo
de volta aos três barcos
pra nunca mais mundo novo
e os vermelhos que se lasquem
e a coroa que me poupe
um quinto que ainda pago
de revolta e corda no pescoço

Um dia fico mais morto
se me trouxerem da África
porque longe de meu povo
desgosto, tristeza e asco
vermelho como os vermelhos que matam
terra à vista para a minha espada
independência que fique, ou que fosse
mais respeito com a minha pátria

Um dia. Ah, um dia.

 
Márcio Ares. 2012.

2 comentários:

  1. Olá Márcio, da sua recepção e cortesia no Tertúlia, venho conhecer seu espaço, porque não, seus ares...

    num encontro poético, me emociono
    lindo poema, perspicaz... pra ser lido mais vezes

    estou seguindo, porque UM DIA DESSES volto...

    abraço carinhoso

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  2. Que esse dia nunca chegue... pois, se ele chega, o que será de cada um dos sonhos todos?

    *Acertou na parte da amizade com a Bianca Mendes, cara... espero que possamos prosear mais vezes.

    abraço grande e feliz final de semana aí.

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