Todos
os povos de meu tempo parecem sofrer de uma angústia inominável.
Não
se sabe a razão, porventura equivocada, de viver em dor a vida
que
simplesmente passa
sob o
tempo de alegrias possíveis e paixões intermináveis.
Nem a
invenção dos mais sábios homens
nem o
mais pleno entendimento do acaso
explicam
esse tempo de amizades turvas, vontades avessas, alma escura,
amor
inseguro e desejos fugazes.
Talvez
por incerteza, ou o mais bruto sentimento de ancestralidade,
os
homens de meu tempo querem, com violência estúpida e pressa demais,
esquecer
o instante presente
onde
viver pareça fútil, mas de igual modo urgente, útil, essencial.
Mal
sabem eles, meus contemporâneos, que a ilusão é o tormento de uns tantos
feito
a mesma tristeza que a noite alimenta
querendo
um sol que espante o que não tem nome
essa
grande angústia que dura por todos os tempos
e que
a muitos atinge de um jeito quase covarde.
A
força que os sustenta, estes homens de agora,
é
própria do Deus que trazem dentro
e
porque acreditam é certo que ainda possam
retomar
as rédeas do contentamento, romper as grades do entristecimento
e
conceber a vida como quem recebe a visita
de um
anjo que anuncia a nós próprios
a
graça de não ser vazio, embora um pouco sós,
porque
em nós existe, insiste e é triste
a
vida que muitas vezes morre.
Márcio Ares. 2013.
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