sábado, 1 de setembro de 2012

QUAE SERA TAMEN


Roubaram de mim o direito de não ter cárie, o direito de ter dentes,
braço forte, sol de liberdade
e uma pátria que não me condene.
Roubaram a infância das minhas horas de ser só menino.
Roubaram os livros da minha mãe e um pedaço do meu saber, como consequência.
Roubaram-me a vez de entender o perigo,
a escola que me daria o caminho
e a crença de não ser pequeno.
Roubaram minha alegria na esquina da vida
e a direção do meu discernimento.
Roubaram, ainda, mais e mais, até sempre,
o instante da minha revanche
e a minha chance de entender o crime.



Márcio Ares. 2012.

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