O
céu ainda existe azul sobre a cidade.
Nos
galhos do poste pousam tristes e miúdos pássaros.
As
grades, feito sempre-vivas, alastram-se pelas casas,
com
a força bruta de uma verdade arrancada ao inverno de muitas almas.
E
flores há em uma ou outra janela.
Morre,
asmático, o ar cimentado de asfalto e vizinhos alados.
De
amor esquecido o bem-querer se revolta e se cala.
Cegos,
surdos, e já sem nenhum olfato, perdem-se o tato e o paladar.
Feliz
o termo saudade, o ideal tempo que era antes do concreto.
E
a solidão se agarra ao azul que ainda resta desse pouco céu
amante
silenciosa da mais plena memória das árvores.
Qualquer
poesia que se invente é de um tempo encarcerado.
Dói
por enquanto o que mesmo antes era um pouco tarde.
E
o que muito mais agora se apresenta
são
muros e lamentos dessa pálida cidade.
Márcio
Ares. 2012.
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