Aqueles
que nascem poetas sabem a dor sem rumo.
E
se acreditam no amor, podem não ter Deus nenhum.
Inventam
flechas que lhes ferem a alma,
e
arqueiam-se no horror e na beleza de tudo o que lhes seja adverso.
Caminham
desertos de angústia,
mas
com olhos pouco áridos para a mínima cor.
Inventam
asas de improviso e barcos ancorados, longe de abismos,
sem
deles muito se absterem.
Amam
com medo e sem nenhum medo.
E
sabem, porque adivinham, o fim de cada possível alegria.
Aqueles
que nascem poetas sabem o risco de se entender o absurdo,
alimentam
manias de sofrer com o mundo,
prestam
atenção no luar, no sol por nascer,
odeiam
grades e muros,
choram
de prazer, dançam de alegria,
querem
no escuro
e
vivem pra morrer.
Márcio
Ares. 2012.
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