Noventa quilômetros de amor doendo, perdidamente apaixonado.
Chegou, como sempre chega, ardente,
num tempo inesperado, humanamente inacabável,
e foi guardando palavra, querendo vez, cavando lugar.
A distância do alheamento exigia encontro, dizer as coisas de dentro,
o saber antigo das almas.
Ia ficando plural a solidão do invento.
Ia ficando mais gente aquele quando de acaso.
A idade da razão, o entendimento da estrada
e o medo, quem sabe, de amar em vão
sinalizavam cuidados, a contramão sem placas pra viagem,
o risco de voltar pra casa, uma tristeza de possibilidades.
E o coração, acelerado de emoção e coragem, acenava de uma estação
além de qualquer dor, arfante de se encontrar.
Leve e louco, o futuro dos amantes se desencontrava
porque antes o incerto do amor
porque antes o invento de amar.
Márcio Ares. 2012.
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